sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Opinião - Leão escondido sem nada de fora.

E a maldição do Natal este ano chegou mais cedo. Aliás, chegou tão cedo que em vez de maldição cheira a toda uma nova conjuntura no emblema leonino. Com o afastamento da Champions, fugiu o primeiro grande objectivo da época. E mais do que a derrota, ficou patente a incapacidade da equipa para produzir quando é obrigada a jogar fora da sua zona de conforto, fora do esquema estanque montado por Paulo Bento.

Porquê? O Sporting foi, dos grandes, a equipa que menos mexeu. A espinha dorsal da equipa é a mesma. O treinador é o mesmo. E no entanto é difícil reconhecer neste Sporting a equipa que em anos transactos era crónica candidata ao título.

Preparação.
Não nos arrogamos saber avaliar as necessidades físicas de uma equipa que inicia um campeonato, mas basta-nos a comparação entre a pré-época dos três grandes, para ver que o Sporting se destaca. O reduzido número de jogos, a ausência de testes contra equipas "mais sérias", o acumular de empates, foram indícios do começo de temporada a que se assistiu. Mais do que jogadores sem ritmo competitivo, do que rotinas desaprendidas, parece ter-se instalado na equipa uma abstracção permanente, uma falta de concentração ou motivação. Na segunda parte do jogo em Itália ficou a ideia que ninguém sabia muito bem qual a posição a ocupar ou o seu papel em campo.

Europa.
Sete milhões. São menos sete milhões nos cofres. No orçamento de qualquer equipa é um valor que faz mossa. Acrescentemos a esse valor o que se perdeu animicamente no espírito dos jogadores, desiludidos pelo afastamento. Contabilizemos também o acréscimo de cansaço e o decréscimo na paciência dos adeptos. O Sporting perdeu bem mais do que os sete milhões.

Forever.
Não foi sem alguma estupefacção que assisti no defeso à apresentação de Paulo Bento, como bandeira de uma candidatura que se adivinhava vencedora. Se o eco do descontentamento já na altura abalava a massa associativa, neste momento está a tornar-se ensurdecedor. A dupla Bento/Barbosa começa a ver seriamente reduzida a sua margem de erro e de manobra, e a sua incapacidade de demonstrar progressos na forma da equipa jogar não augura nada de bom para a sua manutenção a longo prazo.

Falta motivação. Falta balneário. Falta Liedson. Falta Polga. Falta abrir os olhos e ver que o Pedro Silva deste ano não serve e, principalmente, falta perceber que quando tudo corre mal, não mudar nada faz com que tudo permaneça igual. E talvez, mais do que a Paulo Bento, este conselho deva assentar a Bettencourt.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sinceramente acho que a aposta do Sporting na continuidade não é um erro... o erro foi mesmo contratar o Paulo Bento para treinador :p

Bom post!:)

Mi

Unknown disse...

Sem dúvida que, Paulo Bento tem vindo a confundir "tranquilidade" com passividade!

Ju disse...

A estagnação do sporting é preocupante, embora o principal entrave seja, em boa verdade e incontornavelmente, a falta de dinheiro!

Sem dinheiro não é possível mudar a equipa de forma significativa...sem alteração na equipa é difícil ganhar competições Europeias e o dinheiro não entra - ciclo muito vicioso!

Uma palavra quanto ao treinador: Perdeu algum controlo na sua postura, demasiada rigidez e demasiados castigos que não ajudam. Contudo, é um grande treinador e só se fala sporting e só se exige sporting desta maneira desde Paulo Bento.

Uma palavra quanto ao jogo: Discordando um pouco da opinião expressa no post, foi um jogo muito digno e a vitória do Fiorentina uma típica injustiça do futebol - "quem não marca sofre!".

Uma palavra quanto à eliminatória: a passagem deveria ser decidida com pelo menos um golo de vantagem e nunca por um empate em que pesam mais os golos marcados fora...se pudesse alterar esta regra fazia-o com grande convicção!

Uma última palavra quanto ao artigo: já chega de palavras porque as do post são bem melhores que as minhas!

Continuem o bom trabalho...

Ju

Man of the Hour disse...

Se bem que a questão monetária seja de óbvia apreciação, a verdade é que a obrigação sportinguista é de apresentar um entrosamento mais óbvio e um jogo mais fluído do que os seus adversários nacionais, que perderam jogadores importantes para a sua estrutura (Lucho, Lisandro, Katsouranis e Reyes). Na análise feita ao jogo de Alvalade, ressalvamos a subida de qualidade observada. Na análise da segunda mão não podemos deixar de comentar uma segunda parte desastrosa, sem soluções, e com um nervosismo incompreensível para uma equipa assídua em competições europeias. O jogo da primeira mão é injusto. Na segunda mão o resultado era óbvio.

Quanto a Paulo Bento, não questionamos a qualidade técnico-táctica, mas sim a falta de capacidade de adaptação, que já não vem de agora...E a falta de pulso na equipa, que já abordámos em posts anteriores.

Tranquilidade sim. passividade não, permissividade muito menos.